Resumo do livro de literatura
Cap.1: Retratos do Brasil
Os conflitos políticos que originaram a Primeira Guerra
Mundial marcaram o inicio do século XX na Europa.
Abordagens inéditas desta época foram experimentadas pelas
vanguardas, movimentos estéticos que expressavam o dinamismo dos novos tempos e
renovavam a arte europeia. Tal cenário, porém, não contagiou a realidade
brasileira neste período. Nossos artistas preferiram aprofundar o olhar para as
questões nacionais, passando ao largo das inovações formais que começaram a ser
praticadas na Europa.
♦ O contexto Histórico
O Pré-Modernismo contou com importantes cronistas, que
documentaram a modernização do país e seus contrastes. Um deles foi Lima
Barreto, que analisou a fragilidade da economia brasileira em sua crônica “As
riquezas da Bruzundanga”.
♦ O contexto cultural
No contexto social, as classes superiores importavam os
produtos europeus e também o modo de vida francês, que estimulava, sobretudo, a
ostentação de uma aparência e de um gosto artístico elitistas, apegadas às
modas parnasiana e simbolista.
O período, porém, foi igualmente marcado por um novo
posicionamento das camadas populares, que começaram a firmar seu gosto
artístico, descartando aquele ditado pela elite.
Essa divisão social do gosto artístico indica que se
iniciava, no período, a expressão de interesses e perspectivas de setores
sociais de menor prestígio.
♦ O contexto Literário
As produções do inicio do século são agrupadas sob a
designação pré-modernistas, que passou a ser retratado de modo subjetivo e
distanciado. No entanto, não inauguraram uma concepção estética original;
conservaram basicamente a linguagem literária do século XIX.
O sistema literário
do Pré-Modernismo
A disseminação da fotografia permitiu a reprodução precisa
de ambientes e pessoas em foco nas reportagens, enquanto o telégrafo favoreceu
a transmissão rápida das informações. Essa agilidade resultou em maior
interesse dos leitores, ávidos por textos atualizados e vinculados à realidade.
O campo literário também acompanhou essa nova disposição: os
textos mais importantes do período valeram-se de linguagem próxima à
jornalística e buscaram investigar e compreender a realidade nacional.
Tematicamente, o nacionalismo crítico é a marca distintiva
do Pré-Modernismo. A novidade veio com a publicação, em 1902, de Canaã, de
Graça Aranha, e Os sertões, de Euclides da Cunha , que propunham um
nacionalismo voltado para a denuncia e superação dos problemas sociais ,
políticos e culturais do Brasil.
O papel da tradição
A consideração, feita a partir da caracterização das raças,
descritas na maioria dos textos da época, revela as teorias cientificas do
século anterior, principalmente o determinismo e o evolucionismo, ainda tinham
prestigio.
Os pré-modernistas, rejeitaram o determinismo posto em
pratica mecanicamente pelos naturalistas; suas analises observavam-se as
nuanças locais e recusavam as visões fatalistas, pois a literatura pretendia
problematizar a realidade e criar consciência política. Os artistas
privilegiaram o retrato do brasileiro comum em sua existência cotidiana,
focando suas condições de trabalho e suas relações sociais.
Fuga do esteticismo
Na produção identificada como pré-modernista, houve um
consciente afastamento da poesia e a recusa em repetir procedimentos
formalistas e padronizados, acomodados ao gosto da elite.
Para fugir do esteticismo, os pré-modernistas optaram por
uma linguagem mais direta e próxima da realidade da fala dos brasileiros.
Cap. 2: Literatura em transição.
♦ Euclides da Cunha: a anatomia do
sertão.
O livro Os sertões critica as ações do Exercito e a atuação
do governo republicano, destacando os contrastes entre as condições de vida no
litoral e no interior, questionando a imagem de “civilização” brasileira que se
pretendia aplicar à organização social do país.
♦ Entre o cientifico e o literário.
A obra Os sertões é composta por três partes: “A terra”, “O
homem” e “A luta”.
Essa organização mostra a orientação determinista adotada
pelo autor. Euclides entendia que as condições do meio físico atuavam sobre a raça
miscigenada e que as personalidades assim formadas potencializavam seus efeitos
na interação com o meio social.
♦ Monteiro Lobato: o caboclo e os
problemas de mestiçagem.
Monteiro Lobato defendia a função social da literatura.
Nos contos de Urupês, Negrinha e Cidades mortas, Lobato
registrou a vida nos vilarejos e seus problemas.
As histórias de Lobato geralmente visam provocar emoção ou
surpresa, elementos em função dos quais se articulam as descrições e ações
narradas. Há pouco aprofundamento dos dramas morais das personagens, e muitas
vezes, o autor busca os aspectos cômicos do caráter, com intenção satírica.
♦ Lima Barreto: um projeto de Brasil.
As narrativas de Lima Barreto (1881- 1922) têm muito de
crônica, gênero que exercitava como jornalista. Dela vieram as cenas cotidianas
e a linguagem fluente e objetiva, distante do artificialismo corrente na época.
♦ Augusto dos Anjos: um poeta singular.
A influência de estéticas do século XIX aproximou-o dos
demais autores pré-modernistas, mas a ausência de referencias ao Brasil de sua
época diferenciou-o deles.
Os poemas de Augustos dos Anjos tematizam a dor de existir e
a inevitabilidade da morte.
Augustos via a dor como a essência do mundo e os momentos de
prazer, apenas como sua suspensão temporária.
Para expressar sua visão negativa, o eu-lírico desestabiliza
a própria poesia, recorrendo a termos e a imagens incomuns no campo poético.
Para explicar o procedimento poético de Augustos dos Anjos,
o critico Anatol Rosenfeld usou a expressão exogamia linguística, que
significava a introdução de um elemento estranho no fluxo histórico de uma
língua. A opção por introduzir elementos estranhos no discurso poético fez dele
um poeta bastante moderno para a época, alinhado com algumas das inovações da
literatura europeia, sobretudo a alemã.
Cap.3: Diálogos do moderno.
O termo vanguarda remete a tudo o que é pioneiro e inovador.
Na arte, corresponde àquilo que anuncia novos padrões estéticos. O período das
vanguardas estendeu-se dos últimos anos do século XIX até a década de 1920 e
pode ser caracterizado como um verdadeiro laboratório de concepções artísticas.
Entre as várias tendências do período, destacam-se o cubismo, o futurismo, o
expressionismo, o dadaísmo e o surrealismo.
♦ O contexto cultural.
Desde o final do século XIX, a arte estava sendo renovada
por experiências estéticas surpreendentes e desconcertantes, que promoviam
alterações significativas nos padrões então vigentes. Em 1907, surgiu o
cubismo, cuja proposta de radical ruptura com os conceitos de proporção e
perspectiva exigia um público participativo, comprometido com a tarefa de
decodificação das imagens.
O futurismo, nascido dois anos depois, valeu-se de uma arte
agressiva para provocar o público. Os artistas rejeitavam o passado, propunham
a destruição violenta das tradições e tinham fascínio pelas novas tecnologias.
O expressionismo, de 1910, retratou o declínio do mundo burguês,
assumindo uma função politicamente combativa. A estética tendeu a deformar a
realidade, revelando uma literatura trágica da vida social.
O dadaísmo, criado em 1916, usou a falta de significado como
critica radical à sociedade.Propunha a abolição da lógica e das relações com o
reale negava toda a premeditação na composição artística.
A última vanguarda, o surrealismo, surgiu após o final da
guerra, em 1924. Oriundo do dadaísmo, o surrealismo também preconizou a arte
não subordinada à lógica. Estimulado pela psicanálise, voltou-se para os
estudos do inconsciente, incorporou elementos do sonho, da loucura e dos
impulsos sexuais. Os surrealistas valorizavam a arte primitiva e procuraram
libertar o homem dos limites da vida prática.
O sistema
literário das vanguardas
A arte das vanguardas caracterizava-se pelo confronto com as
sensibilidades tradicionais. Como na pintura, as inovações literárias também
recusaram a organização lógica.
A desestruturação do poema, com elipses, grande concisão e
ausência de pontuação, caracterizou também a literatura das demais vanguardas.
O papel da
tradição.
Coube às vanguardas, porém, radicalizar as experiências
formais ao romper com a sintaxe e a coerência, ao rejeitar as regras de
versificação tradicionais e ao abandonar o principio de que a arte deveria
imitar a realidade objetiva.
Cap.4: O
modernismo em Portugal:
novidades
artísticas e ecos do passado
♦ O contexto de produção.
O modernismo iniciou- se em Portugal na segunda década do
século XX, em um período de fortes tensões. Após a proclamação da República, em
1910, continuaram as disputas políticas internas e as criticas aos
governantes, sobretudo pelo agravamento
dos problemas sociais e pelos efeitos da Primeira Guerra Mundial.
Ideologicamente, os anos iniciais da República foram
marcados por forte nacionalismo, que chegou a se alinhar ao fascismo italiano e
ao nazismo alemão. O mesmo nacionalismo, resultou, no campo cultural, no
Saudosismo, doutrina do escritor Teixeira de Pascoais que pretendia restituir
aos portugueses o ânimo que tinham na época das grandes navegações. O movimento
não focava a nostalgia do passado, mas sim a esperança de fundação de uma nova
civilização para cumprir o que ainda cabia ao povo português. Do grupo dos
saudosistas saíram os artistas que formaram a primeira geração modernista
portuguesa, já atualizada com as inovações técnicas das vanguardas europeias e
seu espírito de contestação.
♦ Orpheu e Presença: duas revistas, duas
gerações.
A revista de literatura Orpheu contribuiu para a afirmação
das novidades estéticas parisienses em Portugal.
Os modernistas anunciavam o desejo de construir uma poesia
inusitada, muitas vezes agressiva e irreverente, capaz de desestabilizar a estagnada cultura portuguesa.
Os princípios de renovação e contestação de Orpheu foram
reafirmados pela revista Presença. Nessa revista , defendiam uma literatura
desprendida das questões sociais, mais introspectiva, sincera e original.
Como na primeira geração, suas propostas também se voltavam
à pesquisa estética e tematizavam a crise geral do homem moderno diante da
ausência de certezas absolutas. As obras mostravam o desejo de contribuir para
a superação da civilização e da cultura burguesa, mas não se apoiavam em
propostas de intervenção social nem se ligavam ao contexto especifico de
Portugal.
♦ Os eus de Fernando Pessoa.
Fernando Pessoa( 1888-1935) foi um criador de personalidades
poéticas. Além de escrever em seu próprio nome, inventou mais de setenta heterônimos,
autores com características poéticas e pessoais distintas.
♦ Alberto Caeiro: o mestre
A poesia de Alberto Cairo ensina que o verdadeiro
entendimento do mundo é alcançado pela aplicação dos sentidos humanos ao
contato direto com as coisa, sem a intermediação do pensamento. Nas palavras
dele, “pensar uma flor é vê-la e cheirá-la / E comer um fruto é saber-lhe o
sentido”.
Caeiro rejeita a existência de um Deus inacessível aos
sentidos, preferindo vê-lo espelhado na natureza.
♦ Ricardo Reis e Álvaro de Campos: os
discípulos
Ricardo Reis recorreu ao Arcadismo, que lhe apresentava a
valorização da vida campestre. A obra de Reis revelou a consciência da passagem
do tempo e a inevitabilidade da morte.
Álvaro de Campos é um homem cosmopolita, hipercivilizado,
que vive seu tempo.
A tendência eufórica, contudo, é apenas uma das fases do
poeta. Ela convive com a descrença no mundo moderno e a critica às relações
humanas deterioradas. Nessa vertente, o vazio da vida é revelado por uma
subjetividade amargurada.
♦ Fernando Pessoa
Nos poemas líricos com assinatura do próprio Fernando Pessoa
notam-se a retomada da tradição lírica portuguesas e duas tendências – o
sensacionismo e o interseccionismo. O primeiro sustentava que toda experiência
consciente era constituída por sensações e que estas poderiam ser fixadas no
poema em estruturas ambíguas produzidas por uma elaboração intelectual. O
segundo movia o cruzamento do mundo interior com o exterior pela invocação
dessas sensações.
Alguns poemas metalinguísticos de Fernando Pessoa examinam o
processo criativo do poeta, focando, sobretudo, a questão da sinceridade.
♦ Sá-Carneiro e José Régio: a carência do
absoluto
Enquanto Joao Pessoa Manteve-se quase sempre afastado do
publico e da critica, Mário de Sá-Carneiro ( 1890-1919), um dos organizadores
da revista Orpheu e seu amigo pessoal, apareceu como um dos principais
inovadores da literatura portuguesa.
O poeta revolucionou os conceitos estéticos vigentes em
Portugal, manipulando com liberdade a gramática e o léxico para adéqua-los as
suas necessidades expressivas. Valeu-se também do sensacionismo, do
interseccionismo e das contribuições das vanguardas, apresentando traços
cubistas e futuristas. Ao mesmo tempo, revitalizou tendências do século XIX,
como as sinestesias e o comportamento decadentista, mórbido e entediado.
Seus poemas, sempre introspectivos, mostravam um eu lírico
incapaz de lidar com a crise da modernidade, desesperado por não encontrar a
verdade absoluta e por estar cercado de relativismos.
Sua poesia, também introspectiva e dramática, reforçou a
visão do homem moderno como ser carente do absoluto e incompatibilizado com a
sociedade, mas mostrou maior assertividade e intransigência.
Cap.5:
O desatino da rapaziada
A partir da década de 1910, publicações, exposições e
conferências começaram a evidenciar significativas alterações na maneira como
os artistas brasileiros compreendiam a arte.
Com a primeira geração modernista a literatura brasileira
começou a ganhar autonomia em relação à produção literária estrangeira,
deixando de importar acriticamente modelos estéticos criados nas grandes
capitais culturais do mundo.
♦ O contexto histórico
O surto industrial paulistano provocou o surgimento de novos
segmentos sociais. Contudo, foi o aumento do numero de imigrantes europeus que
alterou definitivamente a estrutura social. Politizados e com experiência
sindical, difundiram ideias anarquistas e socialistas e iniciaram a luta por
melhores condições de trabalho, que resultou na primeira greve geral, em 1917.
À frente das transformações estava a nova burguesia
industrial,interessada em reforçar para o país inteiro a imagem de São Paulo
como estado potente e moderno, a fim de legitimar sua liderança.
Assim,favoreceu a introdução da arte modernista, capaz de oferecer a São Paulo
o posto de vanguarda artística e intelectual. O projeto modernista não defendia
transformações sociais, nem pisava a arena política em que se radicalizam as
lutas. Limitava-se a desacomodar alguns princípios morais mais conservadores e
a representar um mundo cosmopolita e em industrialização, ideal que coincidia
com as aspirações burguesas.
♦ Contexto cultural.
A semana de Arte Moderna foi, sem dúvida, o evento cultural
mais relevante para a primeira faze modernista.
Desdobramentos da
Semana: revistas e manifestos
Em sua época, a mostra tem grande repercussão, ficando
restrita aos ambientes frequentados pelos intelectuais, distante do grande
público.
A historia posterior, porém, atribuiu grande importância à
Semana , porque ela propiciou a
aglutinação de tendências renovadoras e estimulou o aprofundamento do debate
sobre a arte moderna no país.
Ao longo da década, formaram grupos e publicaram textos que
ajudaram a definir as bases estéticas do Modernismo. O primeiro deles
organizou-se já em 1922 para a publicação da revista Klaxon.
Dois anos depois, surgiu o Manifesto da poesia Pau-Brasil,
escrito por Oswald de Andrade, que defendia uma poesia construída sem
preconceitos linguísticos e com a raiz primitivista das culturas indígenas e
africanas. Propunha a valorização das manifestações culturais do povo
brasileiro e sua conciliação com as da elite.
Alem dessas, teve ainda o Manifesto antropófago, de 1928.
Apresentado uma filosofia mais clara do que a contida no Pau-Brasil,
pressupunha, em lugar da rejeição automática dos valores europeus, sua
devoração ritual. Em outras palavras, o artista brasileiro deveria digerir a
arte europeia e reaproveitar o que lhe interessasse, de modo a superar a
dependência cultural.
O sistema literário
da primeira geração modernista.
Essa tendência a manutenção da ordem, que preservava
critérios de distinção de classe, constituía o perfil da burguesia média
paulistana.
Os modernistas procuraram integrar forma e conteúdo e, para
isso, abriram mão de recursos consagrados, como a métrica tradicionale os
esquemas de rima fixos.
O papel da tradição
A junção de elementos modernos e cultura nativa foi uma das
principais propostas da primeira geração modernista.
Ao valorizar temas cotidianos e a linguagem comum dos
brasileiros, os autores da primeira geração modernistas afastaram-se
radicalmente da sofisticação dos parnasianismos e dos simbolistas.
Nota-se, portanto, que os modernistas procuraram realizar
uma reflexão sobre a cultura nacional, abarcando tanto a tradição literária
quanto questões de ordem sociológica. Com isso, contribuíram para a afirmação
de uma consciência critica e a fixação da identidade nacional, propósitos que
haviam sido lançados pelos modernistas.
Cap.6:
Literatura marco zero: Mário, Oswald e Raul Bopp.
A primeira geração do Modernismo caracterizou-se pela
experimentação com a linguagem. A busca pela ampliação dos horizontes da
linguagem artística, estimulada por influencias europeias, acompanhou uma
reflexão profunda sobre o ser brasileiro.
♦ Mário de Andrade: “sou
trezentos-e-cinquenta”.
Mário de Andrade( 1893- 1945) é considerado um dos maiores
responsáveis pelo espírito inquieto e inventivo que caracterizou a primeira
fase do Mordenismo.
♦ Poesia
No livro de poemas Pauliceia desvairada, Mário busca situar
sua poesia em relação a tendências estéticas tradicionais e a tendências de
vanguarda. Entre as ideias de ruptura que defende, além do registro da língua
brasileira, próxima à fala do povo, estão o verso livre e a escrita automática.
Ao longo da obra de Mário Andrade, confirma-se esse caráter
complexo, aberto tanto ao presente quanto ao passado.
♦ Prosa
No campo da prosa, três obras se destacam: Amar, verbo
intransitivo( 1927), Macunaíma: o heroi sem nenhum caráter (1928) e Contos
novos ( obra póstuma que reúne nove contos, publicada em 1946).
♦ Oswald de Andrade: o desembaraço da
invenção.
Oswald de Andrade foi responsável por dois textos que
ajudaram a delinear o modernismo no Brasil: o Manifesto Pau-Brasil e o
Manifesto Antropofágico. Suas ideias sintetizaram uma maneira de responder ao
problema que marcou profundamente a primeira geração de escritores modernistas:
a busca pela identidade nacional.
Alguns elementos da concepção moderna da linguagem poética
chamam a atenção no poema: a forma sintética, a linguagem prosaica, a
desmontagem cômica do tema amoroso.
♦ Desconstrução da narrativa.
Na prosa, Oswald de Andrade produziu dois livros
fundamentais para o Modernismo: Memórias sentimentais de João Miramar ( 1924) e
Serafim Ponte Grande (1933). Memórias sentimentais é considerado o real “marco
zero” da prosa modernista. Constituiu-se de episódios-fragmentos numerados que
constroem uma espécie de autobiografia de Oswald. Nos episódios-fragmentos
observa-se uma mescla de gêneros diversos, como poemas, citações, cartas,
relatos de viagem.
♦ Raul Bopp: as raízes populares
Raul Bopp (1898-1984) tem como obra de maior destaque o
poema narrativo Cobra Norato. Esse poema, composto por 33 partes, apresenta uma
estrutura que lembra muito uma montagem cinematográfica, com imagens
justapostas e uma espécie de escrita em que versos e estrofes aparecem e
reaparecem em outras partes ao longo do texto.
Outro componente da poética de Bopp é a construção de um
panorama da presença negra no país, marcada pela publicação de urucungo, em
1932. A escravidão, a identidade negra e a relação com os brancos são temas
recorrentes nesse livro.
Cap.7:
Manuel Bandeira e Alcântara Machado: o cotidiano em verso e prosa.
Distanciando-se da abordagem afetada e artificial dos
parnasianos, os modernistas da primeira geração se interessavam pelo registro
dos acontecimentos prosaicos e buscavam captar a agitação das metrópole, o
cotidiano e a fala simples das pessoas, Para isso incorporaram assuntos antes
considerados irrelevantes, como cenas urbanas e suas personagens e as misturas
linguísticas decorrentes do contato do português brasileiro comos idiomas de
imigrantes.
♦ Manuel Bandeira: a simplicidade do
requinte
Manuel Bandeira é considerado um dos mais importantes poetas
brasileiros. Antes de amadurecer o lirismo próximo à coloquialidade, que se
tornaria sua marca registrada no contexto do Modernismo, experimentou
influências de outras estéticas.
♦ Uma poesia de ausências.
Aberto a todas as novidades que foram propostas pelos
modernistas, ao longo do tempo Bandeira foi estabelecendo uma poética própria.
Entre seus temas centrais, encontram-se o amor irrealizável, as rememorações de
infância, o jogo erótico, a observação de que se passa nas ruas. Contudo, há
uma marca mais profunda que organiza esses e outros ttemas tratados pela sua
poesia: a ausência, figurada na imagem da morte.
♦ Alcântara Machado: entre brasileiros e
italianos
Seu estilo cinematográfico, a linguagem concisa, feita de
construções sintáticas que privilegiam o coloquialismo, registra cenas da
comunidade de imigrantes e faz nascer um modo novo de escrita literária.