domingo, 21 de setembro de 2014

Perguntas sobre o texto de contracultura brasileira

CONTRACULTURA NOS ESTADOS UNIDOS E CONTRACULTURA NO BRASIL: UM ESTUDO COMPARADO.
1. Como o texto define o conceito de contracultura?
2. O que a contracultura possibilitou no Brasil e nos Estados Unidos? Como?
3. Qual a posição de Roszak para com a contracultura?
4. Como os jovens responderam à sociedade estandartizada, na contracultura?
5. Qual a posição de Cortés para com a contracultura?
6. Qual a posição de Carmo para com a contracultura?
7. Quais as fugas explicitadas no texto feitas pelos jovens da época (as chamadas "fuga do centro")?
8. Por que o rock and roll é considerado um dos movimentos da contracultura?
9. Como os Estados Unidos mostrou para o mundo sua hegemonia?
10. Por que boa parte da sociedade adulta estadunidense apoiou as ações do governo?
11. Como a música se mostrou um dos principais veículos de exposição da nova cultura no Brasil e nos Estados Unidos?
12. Por que a canção de Bob Dylan Blowin' In The Wind tornou-se um hino da contracultura? Em qual trecho da música isso fica mais evidente?
13. Nas canções brasileiras, fica explícita a inclusão de trocadilhos. Como o texto explica a causa do uso desses trocadilhos?
14. Por que não é possível estudar a cultuta isoladamente?
15. Como a contracultura auxilia na compreensão da juventude na década de 1960?

quinta-feira, 3 de julho de 2014

TB1: Resumo do livro-base: Unidade 4 (Caps. 8, 9 e 10) - 2º bimestre

Capitulo 8:   O mundo à revelia

Na transição entre as décadas de 20 e 30 do século XX, as propostas estéticas dos modernistas difundiram-se por todo o Brasil. Com isso, elementos regionais passaram a fazer parte do repertório criativo, e o diálogo do escritor com a realidade social e os fatos históricos que o cercavam ganhou grande importância nesse momento .

Ø  O contexto de produção
A segunda fase do modernismo brasileiro ocorre durante os anos de 1930 a 1945 ( era Vargas ). O Brasil passa, nesse período, por transformações profundas – o desenvolvimento industrial é compartilhado com a tomada de consciência sobre os graves atrasos sociais existentes no interior do país.

Ø  O contexto histórico
A necessidade de modernizar o país, a fim de que ocupasse uma posição menos secundaria no contexto mundial, fez parte do ideário de uma geração de pensadores, artistas e políticos.
De um lado, a perspectiva de igualdade anunciada pelo comunismo e sustentada pelos avanços econômicos atingidos pela então União Soviética      ( nome adotado pela Rússia a partir de 1922 ) passou a interessar a muitos intelectuais europeus e também brasileiros, que viam na revolução social e na participação do operariado e dos camponeses na vida política uma verdadeira transformação. De outro lado, o paternalismo fascista prometia a estabilidade social vendendo a imagem de que o centralismo político garantiria a justa distribuição das riquezas nacionais.

Ø  O contexto cultural
Por toda Europa, a transição dos anos de 1920 para as duas décadas seguintes foi caracterizada, no campo das artes e da cultura, pela aproximação cada vez mais estreita entre a vida cotidiana e algumas conquistas das vanguardas. A arte, antes restritas às elites, também se torna um bem a ser usufruído pelas massas, e adquire valor mais democrático.
Um dos responsáveis por essa “intromissão” da arte na vida comum foi o cinema comercial.
As transmissões de radio e a imprensa ilustrada também se destacaram pela velocidade na difusão de informações.
Associada à tarefa de difusão de informações, ganha corpo a indústria do entretenimento fonográfico. A musica erudita, por exemplo, que décadas antes era ouvida somente pela aristocracia, passou a ser reproduzida largamente pelas rádios. Em paralelo, aprofunda-se o interesse pela veiculação da musica popular.
A arte e ideologia, arte e tecnologia, arte e democracia: é nesse contexto amplo que se encaixa a literatura produzida pela segunda geração de autores do Modernismo.

Ø  O contexto literário.
É possível organizar a produção literária da segunda fase do Modernismo brasileiro  em algumas tendências, entre elas o romance regionalista produzido por escritores nordestinos e a poesia de expressão espiritualista.
o
      O sistema literário na segunda geração do Modernismo.
O Modernismo, a partir de 1930, conserva conquistas estéticas, com o uso do verso livre e de um vocábulo mais próximo do cotidiano. Porém, recursos estéticos antes combatidos por serem expressões de uma arte passadista, como a utilização de formas fixas na poesia, voltam a ser valorizados.
Amplia-se também o numero de leitores de textos modernistas.
A influencia de escritores como Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Oswald de Andrade é sentida nessa nova fase. A luta contra o academicismo e a visão de arte como privilegio de poucos – marcas do parnasianismo – continuam na produção de escritores dessa nova geração, vai sendo repensada diante da necessidade de incorporação de aspectos regionais e da discussão de questões sociais do Brasil e do mundo.
§  
O romance regionalista
O romance regionalista, fruto da reflexão sobre o nacional, explora as contradições de um Brasil ao mesmo tempo urbano e rural, industrial e artesanal, um Brasil cuja fachada de modernidade escondia traços arcaicos e desigualdades regionais. Seus principais temas são: o progresso versus o atraso, o Nordeste pobre em contraposição ao Sul enriquecido, a valorização da tradição cultural versus a adesão aos valores estrangeiros, alem da decadência de um modo de vida organizado em torno de uma sociedade patriarcal, o problema da seca e a falência dos engenhos de açúcar e dos grandes latifúndios.
§   
A corrente espiritualista
Partindo de influencias do Simbolismo, alguns escritores buscaram uma alternativa ao enfoque regionalista e procuraram expressar o embate do homem contra a realidade por meio de uma escrita intimista, no caso da prosa, e de uma perspectiva espiritual, no caso da poesia.
o   
O papel da tradição
O romance regionalista de 1930 tem suas raízes nos textos do romantismo que procuraram fixar os tipos brasileiros – especialmente a prosa regional de José de Alencar -, passando pelo Naturalismo de Aluísio de Azevedo. Já ma corrente espiritualista encontram- se os ecos da poesia simbolista, com suas imagens sugestivas e a utilização de sinestesias.
Contudo, a segunda fase modernista não se restringe a essas duas correntes. O mesmo acontece com a poesia de Murilo Mendes, que, propõe uma fusão original entre catolicismo, surrealismo e memória. No caso da prosa, uma escrita de teor intimista cria as bases para que se desenvolva, posteriormente, uma narrativa de caráter psicológico.


Capitulo 9:  O Nordeste revisitado
Uma das fortes tendências da segunda fase das literatura modernista veio do Nordeste e do grupo de escritores cuja produção se convencionou chamar de “ Romance de 30”. Mesclando as propostas do Modernismo ao regionalismo surgido no período romântico e à perspectiva realista do final do século XIX, essa geração de ficcionistas nordestinos trabalha a identidade nacional a partir da observação de suas varias faces regionais. Questões sociais, políticas e econômicas, alem da presença marcante de episódios históricos, surgem nas obras dos quatro escritores mais importantes dessa geração: Raquel de Queirós, Jorge Amado, José Lins do Rego e Griciliano Ramos.
Ø  Raquel de Queirós: a seca e suas desgraças
Raquel de Queirós ( 1910- 2003) exerceu profissionalmente a atividade de jornalista. Escreveu reportagens e crônicas para jornais importantes do Brasil durante a vida toda, mas sua leitura é feita quase exclusivamente de romances. Nesse gênero, a obra mais importante e conhecida é seu livro de estreia, O quinze, publicado em 1930.
Raquel de Queirós mescla a narração de um drama coletivo à anotação das impressões psicologias dos envolvidos naquela situação, tudo isso por meio de uma linguagem simples e direta, próxima do drama que deseja representar e do que seria uma fala mais “brasileira”, segundo a própria autora.
Ø  Jorge Amado: a Bahia como protagonista
Jorge Amado ( 1912-2001) é um dos ficcionistas mais lindos de nossa literatura. A alta vendagem de suas obras, dentro e fora do país, permitiu ao escritor  algo raro entre os artistas nacionais: viver de sua própria produção. Dizia : “ sou incapaz de escrever sobre aquilo que não vivi”. Essa afirmação do escritor é reveladora de características significativas de sua literatura: o engajamento social e o registro de costumes da vida baiana.
Os primeiros romances de Jorge Amado são marcados pela denuncia da miséria e da exploração sofrida pelas classes marginalizadas da sociedade baiana. Entre a cidade e a zona rural, trabalhadores do porto, das fazendas de cacau, prostitutas, negros e meninos de rua são os tipos sociais mais frequentes dessas narrativas, por quem o autor manifesta um sentimento de solidariedade e aos quais lança um olhar lírico.
Ø  José Lins do Rego: a memória dos canaviais.
José Lins do Rego ( 1901- 1957) realizou em sua ficção um duplo resgate histórico: tanto de sua própria biografia quanto da historia das fazendas de cana-de-açúcar dos estados da Paraíba e de Pernambuco, de meados do século XIX ate inicio do século XX. Empregou uma linguagem fluente, marcada pela oralidade, para articular matérias – primas variadas: memórias da região canavieira, pesquisa histórica, imaginação, personagens marcantes.
Ø  Graciliano Ramos: a escrita medida
A paisagem nordestina comparece também na ficção de Graciliano Ramos, como em outros escritores do período, mas aqui ele importa menos do que a representação de um homem em conflito com a natureza, com a sociedade e consigo mesmo.
Os quatro primeiros livros publicados por Graciliano compõem o conjunto mais importante de sua produção literária. São os romances Caetés ( 1933), São Bernardo ( 1934), Angústia ( 1935) e Vidas secas ( 1938).

Capitulo 10: O ciclo do Sul

Ø  Érico Veríssimo: sucesso popular e restrições da critica
As narrativas de Érico Veríssimo ( 1905 – 1975) costumavam ser divididas em três fases: primeira fase – urbana ( década de 1930); segunda fase ( décadas de 1940 – 50 ); terceira fase – política ( décadas de 1960 – 70  ).
A  primeira fase analisa a vida pequeno – burguesa da sociedade gaúcha a partir da década de 1930.
A trilogia O tempo e o vento corresponde à segunda fase da carreira de Veríssimo. Considerada sua obra –prima, alinha o escritor à tendência regionalista da segunda geração do Modernismo.
Pertencem à terceira fase os romances escritos na época em que o Brasil e outros países da America do Sul estavam sob o governo de ditaduras. São os romances O senhor embaixador ( 1965) e Incidentes em Antares 9 1971).
Assumidamente um “contador de historias”, Erico Veríssimo soube habilmente criar tramas envolventes por meio de uma linguagem simples, feita de períodos curtos e vocabulário comum.TB1: Resumo do livro-base: Unidade 4 (Caps. 8, 9 e 10

sábado, 12 de abril de 2014

TB1: Resumo do livro-base: Unidade 1 (Caps. 1 e 2); Unidade 2 (Caps. 3 e 4); Unidade 3 (Caps. 5, 6 e 7)

Resumo do livro de literatura


                          Cap.1: Retratos do Brasil
Os conflitos políticos que originaram a Primeira Guerra Mundial marcaram o inicio do século XX na Europa.
Abordagens inéditas desta época foram experimentadas pelas vanguardas, movimentos estéticos que expressavam o dinamismo dos novos tempos e renovavam a arte europeia. Tal cenário, porém, não contagiou a realidade brasileira neste período. Nossos artistas preferiram aprofundar o olhar para as questões nacionais, passando ao largo das inovações formais que começaram a ser praticadas na Europa.

♦ O contexto Histórico

O Pré-Modernismo contou com importantes cronistas, que documentaram a modernização do país e seus contrastes. Um deles foi Lima Barreto, que analisou a fragilidade da economia brasileira em sua crônica “As riquezas da Bruzundanga”.


♦ O contexto cultural

No contexto social, as classes superiores importavam os produtos europeus e também o modo de vida francês, que estimulava, sobretudo, a ostentação de uma aparência e de um gosto artístico elitistas, apegadas às modas parnasiana e simbolista.
O período, porém, foi igualmente marcado por um novo posicionamento das camadas populares, que começaram a firmar seu gosto artístico, descartando aquele ditado pela elite.
Essa divisão social do gosto artístico indica que se iniciava, no período, a expressão de interesses e perspectivas de setores sociais de menor prestígio.


♦ O contexto Literário

As produções do inicio do século são agrupadas sob a designação pré-modernistas, que passou a ser retratado de modo subjetivo e distanciado. No entanto, não inauguraram uma concepção estética original; conservaram basicamente a linguagem literária do século XIX.

       

  O sistema literário do Pré-Modernismo

A disseminação da fotografia permitiu a reprodução precisa de ambientes e pessoas em foco nas reportagens, enquanto o telégrafo favoreceu a transmissão rápida das informações. Essa agilidade resultou em maior interesse dos leitores, ávidos por textos atualizados e vinculados à realidade.
O campo literário também acompanhou essa nova disposição: os textos mais importantes do período valeram-se de linguagem próxima à jornalística e buscaram investigar e compreender a realidade nacional.
Tematicamente, o nacionalismo crítico é a marca distintiva do Pré-Modernismo. A novidade veio com a publicação, em 1902, de Canaã, de Graça Aranha, e Os sertões, de Euclides da Cunha , que propunham um nacionalismo voltado para a denuncia e superação dos problemas sociais , políticos e culturais do Brasil.

 O papel da tradição

A consideração, feita a partir da caracterização das raças, descritas na maioria dos textos da época, revela as teorias cientificas do século anterior, principalmente o determinismo e o evolucionismo, ainda tinham prestigio.
Os pré-modernistas, rejeitaram o determinismo posto em pratica mecanicamente pelos naturalistas; suas analises observavam-se as nuanças locais e recusavam as visões fatalistas, pois a literatura pretendia problematizar a realidade e criar consciência política. Os artistas privilegiaram o retrato do brasileiro comum em sua existência cotidiana, focando suas condições de trabalho e suas relações sociais.

  Fuga do esteticismo

Na produção identificada como pré-modernista, houve um consciente afastamento da poesia e a recusa em repetir procedimentos formalistas e padronizados, acomodados ao gosto da elite.
Para fugir do esteticismo, os pré-modernistas optaram por uma linguagem mais direta e próxima da realidade da fala dos brasileiros.


                    Cap. 2: Literatura em transição.

♦ Euclides da Cunha: a anatomia do sertão.

O livro Os sertões critica as ações do Exercito e a atuação do governo republicano, destacando os contrastes entre as condições de vida no litoral e no interior, questionando a imagem de “civilização” brasileira que se pretendia aplicar à organização social do país.

♦ Entre o cientifico e o literário.

A obra Os sertões é composta por três partes: “A terra”, “O homem” e “A luta”.
Essa organização mostra a orientação determinista adotada pelo autor. Euclides entendia que as condições do meio físico atuavam sobre a raça miscigenada e que as personalidades assim formadas potencializavam seus efeitos na interação com o meio social.

♦ Monteiro Lobato: o caboclo e os problemas de mestiçagem.

Monteiro Lobato defendia a função social da literatura.
Nos contos de Urupês, Negrinha e Cidades mortas, Lobato registrou a vida nos vilarejos e seus problemas.
As histórias de Lobato geralmente visam provocar emoção ou surpresa, elementos em função dos quais se articulam as descrições e ações narradas. Há pouco aprofundamento dos dramas morais das personagens, e muitas vezes, o autor busca os aspectos cômicos do caráter, com intenção satírica.

♦ Lima Barreto: um projeto de Brasil.

As narrativas de Lima Barreto (1881- 1922) têm muito de crônica, gênero que exercitava como jornalista. Dela vieram as cenas cotidianas e a linguagem fluente e objetiva, distante do artificialismo corrente na época.

♦ Augusto dos Anjos: um poeta singular.

A influência de estéticas do século XIX aproximou-o dos demais autores pré-modernistas, mas a ausência de referencias ao Brasil de sua época diferenciou-o deles.
Os poemas de Augustos dos Anjos tematizam a dor de existir e a inevitabilidade da morte.
Augustos via a dor como a essência do mundo e os momentos de prazer, apenas como sua suspensão temporária.
Para expressar sua visão negativa, o eu-lírico desestabiliza a própria poesia, recorrendo a termos e a imagens incomuns no campo poético.
Para explicar o procedimento poético de Augustos dos Anjos, o critico Anatol Rosenfeld usou a expressão exogamia linguística, que significava a introdução de um elemento estranho no fluxo histórico de uma língua. A opção por introduzir elementos estranhos no discurso poético fez dele um poeta bastante moderno para a época, alinhado com algumas das inovações da literatura europeia, sobretudo a alemã.


                 Cap.3: Diálogos do moderno.

O termo vanguarda remete a tudo o que é pioneiro e inovador. Na arte, corresponde àquilo que anuncia novos padrões estéticos. O período das vanguardas estendeu-se dos últimos anos do século XIX até a década de 1920 e pode ser caracterizado como um verdadeiro laboratório de concepções artísticas. Entre as várias tendências do período, destacam-se o cubismo, o futurismo, o expressionismo, o dadaísmo e o surrealismo.

♦ O contexto cultural.

Desde o final do século XIX, a arte estava sendo renovada por experiências estéticas surpreendentes e desconcertantes, que promoviam alterações significativas nos padrões então vigentes. Em 1907, surgiu o cubismo, cuja proposta de radical ruptura com os conceitos de proporção e perspectiva exigia um público participativo, comprometido com a tarefa de decodificação das imagens.
O futurismo, nascido dois anos depois, valeu-se de uma arte agressiva para provocar o público. Os artistas rejeitavam o passado, propunham a destruição violenta das tradições e tinham fascínio pelas novas tecnologias.
O expressionismo, de 1910, retratou o declínio do mundo burguês, assumindo uma função politicamente combativa. A estética tendeu a deformar a realidade, revelando uma literatura trágica da vida social.
O dadaísmo, criado em 1916, usou a falta de significado como critica radical à sociedade.Propunha a abolição da lógica e das relações com o reale negava toda a premeditação na composição artística.
A última vanguarda, o surrealismo, surgiu após o final da guerra, em 1924. Oriundo do dadaísmo, o surrealismo também preconizou a arte não subordinada à lógica. Estimulado pela psicanálise, voltou-se para os estudos do inconsciente, incorporou elementos do sonho, da loucura e dos impulsos sexuais. Os surrealistas valorizavam a arte primitiva e procuraram libertar o homem dos limites da vida prática.     
         O sistema literário das vanguardas
A arte das vanguardas caracterizava-se pelo confronto com as sensibilidades tradicionais. Como na pintura, as inovações literárias também recusaram a organização lógica.
A desestruturação do poema, com elipses, grande concisão e ausência de pontuação, caracterizou também a literatura das demais vanguardas.

        O papel da tradição.

Coube às vanguardas, porém, radicalizar as experiências formais ao romper com a sintaxe e a coerência, ao rejeitar as regras de versificação tradicionais e ao abandonar o principio de que a arte deveria imitar a realidade objetiva.


              Cap.4: O modernismo em Portugal:
         novidades artísticas e ecos do passado


♦ O contexto de produção.

O modernismo iniciou- se em Portugal na segunda década do século XX, em um período de fortes tensões. Após a proclamação da República, em 1910, continuaram as disputas políticas internas e as criticas aos governantes,  sobretudo pelo agravamento dos problemas sociais e pelos efeitos da Primeira Guerra Mundial.
Ideologicamente, os anos iniciais da República foram marcados por forte nacionalismo, que chegou a se alinhar ao fascismo italiano e ao nazismo alemão. O mesmo nacionalismo, resultou, no campo cultural, no Saudosismo, doutrina do escritor Teixeira de Pascoais que pretendia restituir aos portugueses o ânimo que tinham na época das grandes navegações. O movimento não focava a nostalgia do passado, mas sim a esperança de fundação de uma nova civilização para cumprir o que ainda cabia ao povo português. Do grupo dos saudosistas saíram os artistas que formaram a primeira geração modernista portuguesa, já atualizada com as inovações técnicas das vanguardas europeias e seu espírito de contestação.

♦ Orpheu e Presença: duas revistas, duas gerações.

A revista de literatura Orpheu contribuiu para a afirmação das novidades estéticas parisienses em Portugal.
Os modernistas anunciavam o desejo de construir uma poesia inusitada, muitas vezes agressiva e irreverente, capaz de desestabilizar  a estagnada cultura portuguesa.
Os princípios de renovação e contestação de Orpheu foram reafirmados pela revista Presença. Nessa revista , defendiam uma literatura desprendida das questões sociais, mais introspectiva, sincera e original.
Como na primeira geração, suas propostas também se voltavam à pesquisa estética e tematizavam a crise geral do homem moderno diante da ausência de certezas absolutas. As obras mostravam o desejo de contribuir para a superação da civilização e da cultura burguesa, mas não se apoiavam em propostas de intervenção social nem se ligavam ao contexto especifico de Portugal.

♦ Os eus de Fernando Pessoa.

Fernando Pessoa( 1888-1935) foi um criador de personalidades poéticas. Além de escrever em seu próprio nome, inventou mais de setenta heterônimos, autores com características poéticas e pessoais distintas.

♦ Alberto Caeiro: o mestre

A poesia de Alberto Cairo ensina que o verdadeiro entendimento do mundo é alcançado pela aplicação dos sentidos humanos ao contato direto com as coisa, sem a intermediação do pensamento. Nas palavras dele, “pensar uma flor é vê-la e cheirá-la / E comer um fruto é saber-lhe o sentido”.
Caeiro rejeita a existência de um Deus inacessível aos sentidos, preferindo vê-lo espelhado na natureza.

♦ Ricardo Reis e Álvaro de Campos: os discípulos

Ricardo Reis recorreu ao Arcadismo, que lhe apresentava a valorização da vida campestre. A obra de Reis revelou a consciência da passagem do tempo e a inevitabilidade da morte.
Álvaro de Campos é um homem cosmopolita, hipercivilizado, que vive seu tempo.
A tendência eufórica, contudo, é apenas uma das fases do poeta. Ela convive com a descrença no mundo moderno e a critica às relações humanas deterioradas. Nessa vertente, o vazio da vida é revelado por uma subjetividade amargurada.

♦ Fernando Pessoa

Nos poemas líricos com assinatura do próprio Fernando Pessoa notam-se a retomada da tradição lírica portuguesas e duas tendências – o sensacionismo e o interseccionismo. O primeiro sustentava que toda experiência consciente era constituída por sensações e que estas poderiam ser fixadas no poema em estruturas ambíguas produzidas por uma elaboração intelectual. O segundo movia o cruzamento do mundo interior com o exterior pela invocação dessas sensações.
Alguns poemas metalinguísticos de Fernando Pessoa examinam o processo criativo do poeta, focando, sobretudo, a questão da sinceridade.
♦ Sá-Carneiro e José Régio: a carência do absoluto
Enquanto Joao Pessoa Manteve-se quase sempre afastado do publico e da critica, Mário de Sá-Carneiro ( 1890-1919), um dos organizadores da revista Orpheu e seu amigo pessoal, apareceu como um dos principais inovadores da literatura portuguesa.
O poeta revolucionou os conceitos estéticos vigentes em Portugal, manipulando com liberdade a gramática e o léxico para adéqua-los as suas necessidades expressivas. Valeu-se também do sensacionismo, do interseccionismo e das contribuições das vanguardas, apresentando traços cubistas e futuristas. Ao mesmo tempo, revitalizou tendências do século XIX, como as sinestesias e o comportamento decadentista, mórbido e entediado.
Seus poemas, sempre introspectivos, mostravam um eu lírico incapaz de lidar com a crise da modernidade, desesperado por não encontrar a verdade absoluta e por estar cercado de relativismos.
Sua poesia, também introspectiva e dramática, reforçou a visão do homem moderno como ser carente do absoluto e incompatibilizado com a sociedade, mas mostrou maior assertividade e intransigência.      

                Cap.5: O desatino da rapaziada

A partir da década de 1910, publicações, exposições e conferências começaram a evidenciar significativas alterações na maneira como os artistas brasileiros compreendiam a arte.
Com a primeira geração modernista a literatura brasileira começou a ganhar autonomia em relação à produção literária estrangeira, deixando de importar acriticamente modelos estéticos criados nas grandes capitais culturais do mundo.

♦ O contexto histórico

O surto industrial paulistano provocou o surgimento de novos segmentos sociais. Contudo, foi o aumento do numero de imigrantes europeus que alterou definitivamente a estrutura social. Politizados e com experiência sindical, difundiram ideias anarquistas e socialistas e iniciaram a luta por melhores condições de trabalho, que resultou na primeira greve geral, em 1917.
À frente das transformações estava a nova burguesia industrial,interessada em reforçar para o país inteiro a imagem de São Paulo como estado potente e moderno, a fim de legitimar sua liderança. Assim,favoreceu a introdução da arte modernista, capaz de oferecer a São Paulo o posto de vanguarda artística e intelectual. O projeto modernista não defendia transformações sociais, nem pisava a arena política em que se radicalizam as lutas. Limitava-se a desacomodar alguns princípios morais mais conservadores e a representar um mundo cosmopolita e em industrialização, ideal que coincidia com as aspirações burguesas.

♦ Contexto cultural.

A semana de Arte Moderna foi, sem dúvida, o evento cultural mais relevante para a primeira faze modernista.
    Desdobramentos da Semana: revistas e manifestos
Em sua época, a mostra tem grande repercussão, ficando restrita aos ambientes frequentados pelos intelectuais, distante do grande público.
A historia posterior, porém, atribuiu grande importância à Semana , porque ela propiciou  a aglutinação de tendências renovadoras e estimulou o aprofundamento do debate sobre a arte moderna no país.
Ao longo da década, formaram grupos e publicaram textos que ajudaram a definir as bases estéticas do Modernismo. O primeiro deles organizou-se já em 1922 para a publicação da revista Klaxon.
Dois anos depois, surgiu o Manifesto da poesia Pau-Brasil, escrito por Oswald de Andrade, que defendia uma poesia construída sem preconceitos linguísticos e com a raiz primitivista das culturas indígenas e africanas. Propunha a valorização das manifestações culturais do povo brasileiro e sua conciliação com as da elite.
Alem dessas, teve ainda o Manifesto antropófago, de 1928. Apresentado uma filosofia mais clara do que a contida no Pau-Brasil, pressupunha, em lugar da rejeição automática dos valores europeus, sua devoração ritual. Em outras palavras, o artista brasileiro deveria digerir a arte europeia e reaproveitar o que lhe interessasse, de modo a superar a dependência cultural.
  O sistema literário da primeira geração modernista.
Essa tendência a manutenção da ordem, que preservava critérios de distinção de classe, constituía o perfil da burguesia média paulistana. 
Os modernistas procuraram integrar forma e conteúdo e, para isso, abriram mão de recursos consagrados, como a métrica tradicionale os esquemas de rima fixos.
   O papel da tradição
A junção de elementos modernos e cultura nativa foi uma das principais propostas da primeira geração modernista.
Ao valorizar temas cotidianos e a linguagem comum dos brasileiros, os autores da primeira geração modernistas afastaram-se radicalmente da sofisticação dos parnasianismos e dos simbolistas.
Nota-se, portanto, que os modernistas procuraram realizar uma reflexão sobre a cultura nacional, abarcando tanto a tradição literária quanto questões de ordem sociológica. Com isso, contribuíram para a afirmação de uma consciência critica e a fixação da identidade nacional, propósitos que haviam sido lançados pelos modernistas.


             Cap.6: Literatura marco zero: Mário, Oswald e Raul Bopp.

A primeira geração do Modernismo caracterizou-se pela experimentação com a linguagem. A busca pela ampliação dos horizontes da linguagem artística, estimulada por influencias europeias, acompanhou uma reflexão profunda sobre o ser brasileiro.

♦ Mário de Andrade: “sou trezentos-e-cinquenta”.

Mário de Andrade( 1893- 1945) é considerado um dos maiores responsáveis pelo espírito inquieto e inventivo que caracterizou a primeira fase do Mordenismo.

♦ Poesia

No livro de poemas Pauliceia desvairada, Mário busca situar sua poesia em relação a tendências estéticas tradicionais e a tendências de vanguarda. Entre as ideias de ruptura que defende, além do registro da língua brasileira, próxima à fala do povo, estão o verso livre e a escrita automática.
Ao longo da obra de Mário Andrade, confirma-se esse caráter complexo, aberto tanto ao presente quanto ao passado.

♦ Prosa

No campo da prosa, três obras se destacam: Amar, verbo intransitivo( 1927), Macunaíma: o heroi sem nenhum caráter (1928) e Contos novos ( obra póstuma que reúne nove contos, publicada em 1946).

♦ Oswald de Andrade: o desembaraço da invenção.

Oswald de Andrade foi responsável por dois textos que ajudaram a delinear o modernismo no Brasil: o Manifesto Pau-Brasil e o Manifesto Antropofágico. Suas ideias sintetizaram uma maneira de responder ao problema que marcou profundamente a primeira geração de escritores modernistas: a busca pela identidade nacional.
Alguns elementos da concepção moderna da linguagem poética chamam a atenção no poema: a forma sintética, a linguagem prosaica, a desmontagem cômica do tema amoroso.

♦ Desconstrução da narrativa.

Na prosa, Oswald de Andrade produziu dois livros fundamentais para o Modernismo: Memórias sentimentais de João Miramar ( 1924) e Serafim Ponte Grande (1933). Memórias sentimentais é considerado o real “marco zero” da prosa modernista. Constituiu-se de episódios-fragmentos numerados que constroem uma espécie de autobiografia de Oswald. Nos episódios-fragmentos observa-se uma mescla de gêneros diversos, como poemas, citações, cartas, relatos de viagem.

♦ Raul Bopp: as raízes populares

Raul Bopp (1898-1984) tem como obra de maior destaque o poema narrativo Cobra Norato. Esse poema, composto por 33 partes, apresenta uma estrutura que lembra muito uma montagem cinematográfica, com imagens justapostas e uma espécie de escrita em que versos e estrofes aparecem e reaparecem em outras partes ao longo do texto.
Outro componente da poética de Bopp é a construção de um panorama da presença negra no país, marcada pela publicação de urucungo, em 1932. A escravidão, a identidade negra e a relação com os brancos são temas recorrentes nesse livro.


              Cap.7: Manuel Bandeira e Alcântara Machado: o cotidiano em verso e prosa.

Distanciando-se da abordagem afetada e artificial dos parnasianos, os modernistas da primeira geração se interessavam pelo registro dos acontecimentos prosaicos e buscavam captar a agitação das metrópole, o cotidiano e a fala simples das pessoas, Para isso incorporaram assuntos antes considerados irrelevantes, como cenas urbanas e suas personagens e as misturas linguísticas decorrentes do contato do português brasileiro comos idiomas de imigrantes.

♦ Manuel Bandeira: a simplicidade do requinte

Manuel Bandeira é considerado um dos mais importantes poetas brasileiros. Antes de amadurecer o lirismo próximo à coloquialidade, que se tornaria sua marca registrada no contexto do Modernismo, experimentou influências de outras estéticas.

♦ Uma poesia de ausências.

Aberto a todas as novidades que foram propostas pelos modernistas, ao longo do tempo Bandeira foi estabelecendo uma poética própria. Entre seus temas centrais, encontram-se o amor irrealizável, as rememorações de infância, o jogo erótico, a observação de que se passa nas ruas. Contudo, há uma marca mais profunda que organiza esses e outros ttemas tratados pela sua poesia: a ausência, figurada na imagem da morte.

♦ Alcântara Machado: entre brasileiros e italianos

Seu estilo cinematográfico, a linguagem concisa, feita de construções sintáticas que privilegiam o coloquialismo, registra cenas da comunidade de imigrantes e faz nascer um modo novo de escrita literária.